sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Porque um Vik Muniz vale tanto?





Hoje a mídia mais do que tudo trás alguns artistas em voga, alguns como Romero Brito aparecem em revistas de celebridades, mas sua obra ao meu ver pouco diz a respeito das questões que permeiam a arte contemporanêa, talvez até revele algumas facetas, mostrando o quanto pinturas "bonitinhas", podem se encontrar no mercado de arte milionário. Minha sincera opinião a respeito do trabalho deste artista é de que não gosto, não comunica comigo, considero-o decorativo demais.


É comovente observar seu histórico e sua exaltação, mas afinal, não é nada glamorouso começar a pensar e a fazer arte. Muitas vezes somos incompreendidos, pegando coisas que achamos interessantes no meio das ruas, fazendo ateliês de nossos quartos e camas. É duro! Ás vezes é difícil até comprar material minha gente!

Mas,enfim, a mídia cumpre seu papel e tem trago outros artistas, Vik Muniz é a bola da vez (suas obras aparecem na apresentação de uma novela global) com uma distinção grande do primeiro citado pois já possuia um trabalho consolidado, como descreve essa pequena biografia no site Itaú cultural:

"Antes de mais nada Vik estabelece uma relação entre desenho e fotografia, entre memória e presente, já que toma como ponto de partida e reminiscência de uma imagem célebre, por exemplo, a de John Lennon em Manhattan. Ele desenha o clichê de memória. Nessa etapa, a aptidão mais solicitada é a da retenção, como se todas as reproduções dessa imagem tivessem desaparecido e como se contássemos apenas com o talento e a memória de Vik para fazê-la renascer. Às vezes, ele interroga pessoas para completar esse quebra-cabeça. Pouco a pouco, a figura trágica do Beatle aparece, como se estivesse em via de se compor na bacia do revelador. Obviamente, a imagem foi congelada para sempre nos olhos do público, verdadeiramente síntese do que se iria passar: seja o nome da cidade onde seria assassinado, escrito sobre sua camiseta, os braços cruzados como se esperasse seu carrasco e os óculos escuros de star. Ele desenha o rosto de esfinge do membro mais articulado do conjunto de rock e, finalmente, a grade atrás dele. No entanto, o desenho não é o produto final de Vik. O desenho conserva os traços de suas luta mortal contra o esquecimento. Então, ele fotografa o desenho e o desenvolve sobre um papel que possa dar a mesma granulação que uma radiofoto. Procede da mesma maneira com a lembrança do primeiro homem que pisou o solo lunar, a da execução de um vietcongue suspeito, a da menina que corre nua pela estrada após a queda do napalm. Todos esses clichês são provenientes da seleção das melhores fotos produzidas pela revista Life, primeiro livro que Vik comprou nos Estados Unidos assim que chegou lá, em 1983, quando possuía um conhecimento rudimentar do inglês. A série 'O melhor da Life', realizada entre 1988 e 1990, remete então à recaptura de um momento em que se sentia exilado, perdido e isolado. Para ser artista, lhe faltou reproduzir este estado, como se o resgate do tempo reencontrado lhe fornecesse a chave definitiva de sua vocação"




http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_criticas&cd_verbete=3507&cd_item=15&cd_idioma=28555


Considerando estas coisas encontrei este artigo no site " Mapa das Artes"


http://www.mapadasartes.com.br/noticias.php?id=222&pg=0



Por que as obras do artista brasileiro Vik Muniz valem tanto?

O artista plástico brasileiro Vik Muniz conquistou, em menos de 15 anos de carreira, uma posição invejável no cenário artístico internacional. Suas fotografias construídas com arames, linhas, açúcar, chocolate, restos de carnaval, terra e outros materiais insólitos estão hoje nos principais museus do mundo inteiro, como o Metropolitan e o MoMA, ambos em Nova York. Vik também foi o primeiro brasileiro a realizar uma individual no Whitney Museum e, este ano, já expôs em Washington, Atlanta, Nova York e Rio de Janeiro. Hoje, por exemplo, Vik tem obras exibidas na Bienal de Veneza (no pavilhão brasileiro e no Palazzo Fortuny). Ele também tem mostras previstas para Paris (dezembro) e São Paulo (a partir de 28 de junho, no Museu de Arte Moderna).
Todo esse sucesso se deve ao seu grande talento, mas também a uma série de acasos e de estratégias mercadológicas que envolvem artista, galeristas e colecionadores.
Vik Muniz fez a coisa certa desde o início. Mudou-se para Nova York em 1984 e ali mesmo realizou sua primeira mostra individual, na Stux Gallery, em 1989.
Sua primeira série de trabalhos já tinha um forte apelo internacional. “The Best of Life” era uma série de reproduções de fotos históricas publicadas na revista “Life”, como o beijo na praça Times Square, uma platéia durante uma projeção de cinema em 3-D, o primeiro homem na Lua. Vik surgiu assim já deslocado de qualquer contexto regional de produção artística.
O banqueiro de investimentos José Olympio Pereira, colecionador de Vik, conta que o fato do artista morar em NY influenciou sua decisão de investir no artista. “Vik não foi amor à primeira vista. Eu tinha dificuldades com a figuração. Aproximei-me dele porque gosto do uso que ele faz de materiais inusitados e efêmeros, que é algo inédito, criativo e inovador. O fato de ele morar em NY e estar inserido em um circuito internacional era um bom indício de potencial de valorização”, diz José Olympio, que possui três obras do artista.
Em 1994, com cinco anos de carreira, Vik já havia realizado oito exposições individuais: em Nova York (quatro), São Francisco, Santa Mônica, Paris e São Paulo. Também havia sido incluído em mais de 30 mostras coletivas internacionais.
Os preços das obras vêm acompanhando as atividades do artista e também não param. As suas “fotografias de arame”, por exemplo, foram apresentadas em São Paulo em 1995 e custavam US$ 1,5 mil. Hoje custam US$ 6 mil, o que representa uma valorização de 300% em seis anos.
A galerista Márcia Fortes (da Galeria Fortes Vilaça, que o representa) justifica a valorização. “Vik já produziu oito séries de trabalho depois dos arames. Eles já são raridades. Já existe uma competição internacional por eles”, diz.
A sua galeria em São Paulo possui fotografias em terra ou arame (US$ 6 mil cada) e fotografias com restos de carnaval ou chocolate (US$ 12 mil cada). As fotografias com pó (apresentadas no Whitney Museum) valem US$ 15 mil. As fotografias com açúcar (exibidas na Bienal de São Paulo em 1998) estão esgotadas. Segundo Márcia Fortes, esse controle dos preços das obras de Vik Muniz é feito em parceria com a galeria de Nova York (Brent Sikema).
No ano passado, por exemplo, as pinturas de chocolate custavam US$ 10 mil, mas uma delas (“Action Photo 1”) foi colocada em leilão na Sotheby’s de Nova York e foi vendida por US$ 38 mil.
O sucesso da obra “Action Photo 1” é explicável e vai além de suas qualidades formais. A foto pertence à série “chocolate”, uma das mais conhecidas do artista; o leilão aconteceu em Nova York; e os americanos são loucos por Jackson Pollock, artista que é representado na obra. “É a imagem mais famosa de Pollock e ele é um dos ícones máximos da pintura norte-americana. A foto tornou-se um clássico, pois revisa um momento fundamental da arte norte-americana”, explica Márcia Fortes.
Segundo a galerista, essa venda provocou uma forte especulação em cima da obra do artista. “Nem o artista nem sua galeria acham que o preço recorde no leilão foi um bom negócio, pois isso pode inflacionar o mercado em cima de um lance especulativo. Nós e a galeria de Nova York decidimos segurar o preço da série em chocolate em US$ 12 mil. Um bom preço em um leilão pode valorizar a obra do artista ou provocar uma chuva de obras no mercado e acaba jogando o preço do artista para baixo”, diz Márcia Fortes.
Segundo ela, seu papel como galerista é resolver uma difícil equação entre alta demanda, pouca oferta, especulação em leilões e comercialização secundária por outros marchands. “Trata-se de um malabarismo conter os preços e, ao mesmo tempo, não defasá-los. A galeria tem que proteger a obra do artista e a suavidade do desenvolvimento de sua carreira ao longo dos anos e não agir com as obras como se fossem lances em uma bolsa de valores”, complementa Márcia Fortes.
Também é papel do galerista selecionar o destino das obras do artista, evitando, por exemplo, que se concentre nas mãos de marchands ou de poucos colecionadores. No Brasil, Vik está no acervo de importantes colecionadores brasileiros, como Frances Marinho, Isabella Prata, Gilberto Chateaubriand e Bernardo Paz.
Um número exagerado de obras nas mãos de poucos colecionadores pode não ser um bom negócio, pois dá a eles um grande poder de especulação. Um grande colecionador pode, por exemplo, pode forçar um lance recorde em um leilão apenas para que as obras em seu poder valorizem.
“O fato de ter um bom marchand, que tem controle sobre a produção e orienta o artista, é uma segurança para o colecionador. Existe sempre um risco em relação ao artista contemporâneo, mas sendo um bom artista e tendo um bom marchand, o sucesso é quase garantido”, diz o colecionador e investidor José Olympio. 



Bom quando se pensa em mídia...Sucesso e reconhecimento são conseqüências que a maioria dos artistas almejam. Porém até que ponto esta mídia, este mercado, esta manipulação interfere na carreira que cada um se permitirá seguir?
A mídia promove, trás reconhecimento, mas também pode banalizar e massificar um trabalho... Ai entra em voga outro dilema na Arte Contemporânea... Ela seria para todos???? Será que os artistas estão preparados para venderem um de seus quadros a Paris Hilton???


Ai,ai é duro...

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