domingo, 14 de novembro de 2010

Me formar é uma vitória!

 Porque me formar seria uma vitória?

Ontem a noite pensava sobre isso, fazendo minhas reflexões, perguntando a mim mesmo o porque de ser tão grata a esse final de curso.
 Entendo que me graduar será apenas um começo de uma carreira acadêmica ao qual me proponho, tenho um sincero desejo de estudar bem mais.
Mas olhando para trás percebo o quanto foi difícil superar os 4 anos de Guignard.

Primeiro quando entrei na faculdade, depois de 8 anos sem estudar nada, lembro que no vestibular fazemos primeiramente uma prova de aptidão. Muitos concorrentes fizeram até cursinhos de desenho para prestarem a prova, e eu nunca tinha feito qualquer tipo de aula assim. Meu desenho era muito instintivo, apenas desenhava. Interessante é que passar por esta prova, era pra mim, muito importante, já que realmente acreditava que era boa naquilo (desenho).


Passei pela prova de aptidão e fui para o vestibular, naquele ano em que fiz o vestibular 2007 o nível dos candidatos tinha sido muito alto e consegui apenas a vaga de 8º excedente, quando fui perguntar na secretaria, ninguém poderia me dar uma perspectiva agradável se conseguiria ou não entrar para a faculdade.

Meu interesse sempre foi a Guignard, engraçado, sabia que era uma escola que vinha de uma história de mais liberdade na forma do ensino e que possuía um nome muito bom no meio artístico.  A UFMG nem foi uma tentativa, queria muito uma vaga e graças a Deus, muitos que haviam passado na Guignard naquele ano, também tinham feito provas na UFMG e optaram por ela, e assim o improvável 8º lugar excedente foi a mim oferecido por uma ligação.

O 1º ano foi um ano de grandes descobertas! Me lembro com muito carinho da profª Mary Lanne de criatividade que nos apresentou Lygia Clark (sua mestra), Hélio Oiticica e Cildo Meirelles.



Também me lembro com muito amor e admiração do meu profº. Marco Túlio e suas aulas de Bi-Tri, de toda a desconstrução do olhar, o poder de guardar e usar as memórias, o fazer do livro de artista e o dia em que nos levou em seu ateliê, que para mim foi e é fantástico!


A profª. Isaura Pena e os desenhos de objeto, quantas novas percepções, quantos materiais diferentes poderia começar a usar e incorporar no meu trabalho. Lembro- me do dia em que elogiou um desenho meu, fiquei super lisongeada com o gesto, porque para mim Isaura sempre será uma grande referência no desenho.


Também não posso me esquecer dos adoráveis e talentosos profºs de desenho de paisagem que tive na escola, das aulas no Parque Municipal com Gouvéia e na praça da Liberdade com o Abílio


 Devo citar ainda a profª Giovanna que me mostrou sobre o poder da cor e o fantástico universo das aquarelas.


Ainda os professores Sebastião Miguel e Sérgio Vaz com os desenhos de figura humana, lembro de como foi constrangedor desenhar o primeiro nu. Moisés foi um modelo fantástico, super profissional e logo se tornou amigo de minha turma e assim as coisas foram se tornando mais habituais, mas normais para nós.





Lembro quando participei da minha primeira mostra interna (com uma pintura) e o quanto significou para mim entender que já era uma artista.


Porém neste momento estava passando por tantos problemas, o meu emocional estava em frangalhos e não queria e conseguia fazer mais nada, minha inspiração e alegria haviam acabado. Com o término traumatizante de um namoro (Veja o post " A Maçã do Topo), vi minh'alma destruída. Perdi a concentração, a doçura, o talento, a percepção, só ficando a mágoa o rancor e a depressão. Penso em meus colegas e o quanto foram imprescindíveis para que conseguisse enfrentar aquele momento, quanta paciência comigo. Era como diz o livro " A Cabana" a Grande tristeza me envolvendo por todos os lados!

Passado este tempo difícil comecei a retomar o meu amor ao trabalho e me sentir realizada e feliz novamente. Entendi que na vida teremos angústias, mas que devemos aprender a lidar com elas e transformá-las em uma mola propulsora para o trabalho artístico e porque não falar delas no meu trabalho?
Percebi então minha mudança e amadurecimento em aprender que a vida não seria tão fácil e romântica como imaginava no ínício, mas que precisava de ser vivida e encarada de frente por mim.

Nos últimos semestres aulas com os artistas Fátima Pena e Alan Fontes me fizeram crescer bastante em minhas pinturas, amei a a aula no ateliê da Fátima, onde no dia pintamos cerâmicas e tivemos um tempo muito especial de conversas e conhecimento.

Com o profº Tibério França meu coração foi despertado pela fotografia, sua técnica, suas possibilidades etc.
Desde o princípio entendi que era isso que gostaria de me dedicar resolvendo entrar de cabeça na fotografia dentro da Guignard.


Marco Túlio continuou me acompanhando na habilitação de desenho e sempre me enriquecendo com suas falas,conhecimento e experiência de artista de longa data.


Entendem então porque estou tão feliz?

É por todas estas coisas que me referi no texto e por ter passado por tantas e diferentes fases durante o curso. Olhando para trás me sinto como a ave Fênix que renasceu das cinzas.Me sinto uma sobrevivente e vitoriosa.

Entendo que isso é só um início.

Espero que estas palavras descritas o incentive a continuar e persistir nos seus sonhos e projetos, pois sempre valerá a pena. Sempre valerá a pena!


Dedico este texto a Deus e a minha família

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